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sábado, 14 de fevereiro de 2015

Sociologia jurídica- Aula 2

Introdução ao pensamento científico sobre o social.


I) Pensar o social e a sociologia
• Diferença de pensar sobre o social e o estabelecimento de uma ciência como a sociologia para pensar o social
• Ciência com objeto próprio e métodos específicos

II) Origens do pensamento sobre o social
• Autores e obras que pensaram sobre o social: Platão (a República) Aristóteles (A política), Cidade de Deus (Santo Agostinho), Campanella (Cidade do sol), Thomas Morus (Utopia), Maquiavel (O príncipe), Hobbes (Leviatã), Montesquieu (O espírito das leis), Adam Smith (Riqueza das Nações), Rousseau (O contrato social), Proudhon (o que é a propriedade), Fourrier (Falanstérios), David Ricardo (Princípios de economia política), Malthus (Ensaio sobre o princípio de população)
• Muitos desses autores são considerados filósofos e/ou pensadores políticos. Algumas dessas obras tem como preocupação a ordem social e o Estado.

III) Início da Sociologia (ou sociologia pré-científica)
• Saint-Simon (1760-1825) – considerado o precursor moderno da sociologia. Chamava-se Claude-Henri de Rouvroy, Conde de Saint-Simon.
• Influenciado pelas idéias revolucionárias da revolução francesa e da revolução industrial (que começara). Idéias do Iluminismo.
• Crença que a racionalidade levaria a uma sociedade melhor, sem a dominação política da nobreza e com o fim de uma ordem social feudal.
• A racionalidade poderia fazer isso por meio da indústria (sistema industrial). Esse pensamento de Saint-Simon ficou conhecido como industrialismo ou simonismo
• Indústria rompia com a questão de classe que era tão forte no feudalismo e foi uma das questões que desencadeou a Revolução Francesa. (1, 2, 3 estados). Com a indústria interessava mais a força de trabalho do trabalhador, do que sua origem familiar. Assim, pessoas que antes eram de diferentes classes poderiam ser agora consideradas iguais.
• A elite dessa sociedade não seriam mais os nobres, mas sim os cientistas e os industriais. Estes deveriam elaborar leis justas e remuneração adequada, para que os trabalhadores tivessem uma vida boa em busca do progresso social.


IV) August Comte:

• pensador francês que procurava levar a objetividade própria das ciências naturais, para as humanidades, tornando-as também um tipo de ciência.
• Comte estabelece uma “filosofia positiva”
• Ataque à metafísica na filosofia do século XVIII (ceticismo de Hume, idealismo crítico de Kant)
• Há autores que estabelecem uma relação entre a filosofia positiva comteana com o positivismo lógico presente nos estudos do Círculo de Viena (do qual participou Kelsen)
• Ao estudo das ciências humanas dá o nome de Sociologia (física social). A sociologia se torna uma ciência natural da sociedade, que buscava leis para a explicação dos fenômenos sociais.
• Obras: Curso de Filosofia positiva (1830-1842, 6 vol.), Política positiva (1851-1854).
• Para Comte a sociedade evolui da mesma maneira e no mesmo sentido, o que varia são os estágios em que cada sociedade se apresenta em um determinado momento. Entende que as sociedades podem ser classificadas em três estágios:
*estado teológico ou fictício – explicação era dada pela influência de entidades religiosas, deuses
* estado metafísico ou abstrato – busca nas idéias explicações sobre a natureza das coisas e a causa dos acontecimentos
* estado positivo ou científico – homem tenta compreender as relações entre as coisas e acontecimentos através da observação científica e do raciocínio. Homem formula leis para entender a complexidade das coisas.
• Crítica à metafísica de Comte era tão forte, que o estado positivo ou científico, que é um dos últimos estágios da sociedade, ocorre quando se abandona a metafísica. Somente com o fim da metafísica a sociedade pode avançar para o último estágio.
• Comte liga dois termos: progresso e ordem. Para o positivismo é necessária a idéia de progresso
• Estudos positivos se orientam para a realidade e para a utilidade e buscam certeza e precisão
• Para Comte as ciências têm uma relação hierárquica entre elas. Ciências se generalizam em uma generalidade decrescente, mas em uma complexidade cada vez maior
• Ex: “Sociologia, no ápice da hierarquia das ciências, pressupunha logicamente as leis de cada uma das outras disciplinas científicas, enquanto, ao mesmo tempo, mantinha de forma similar o seu objeto autônomo” .
• Comte com sua filosofia positiva buscou inserir padrões de ciência nas áreas dos estudos humanos. Comte pretendia tornar as ciências sociais completas, esgotando os seus estudos (lógica totalizante), tornando-a universal e livre da metafísica.
• Sociologia tinha para Comte três elementos metodológicos: observação, experimento e comparação. Comte busca abandonar os dogmas lógicos e fazer uma ciência que contemplasse o empírico (não se confunde com o empirismo) e possibilitasse comparações. A comparação era o método mais importante. Comparando o conhecido com o desconhecido, chega-se ao conhecimento do novo.
• Comte tem influências de seu mestre Saint-Simon e irá pregar uma ciência que busque a ordem e o progresso.
• Comte teve como seguidor Stuart Mill. Comte também influencia as obras de Durkheim, que considera comte como pertencente a fase pré-científica da história da sociologia.
• Segundo Giddens a filosofia positiva de Comte, que visava a objetividade no conhecimento, a busca da racionalidade e uma metodologia dita científica influenciou uma série de cientistas em ciências humanas.
• Giddens vê uma ligação entre o positivismo de Comte e o positivismo do Circulo de Viena



V) Pensamento científico sobre o social
• Principais sociólogos:

o Hert Spencer (1820-1920): leva para a sociologia algumas das teorias de Charles Darwin, por isso ficou conhecida como darwinismo social. Sociedade semelhante um organismo biológico (organicismo), que aumenta em sua complexidade, sempre mirando o progresso. Obras: Princípios de sociologia (1876-1886) e O estudo da sociedade (1973)

o Karl Marx (1818-1883): filósofo social, economista alemão. Obras: O capital, Grundices, O manifesto comunista

o Emile Durkheim (1858-1917): considerado o fundador da sociologia. Obras: Divisão social do trabalho, As regras do método sociológico, O suicídio.

o Ferdinand Tönnies (1855-1936):
o Gabriel Tarde (1843-1904)
o Charles H. Cooley (1846-1929)
o Georg Simmel (1858-1918)

o Max Weber (1864-1920): Obras: Ética protestante e o espirito do capitalismo (1905), Economia e sociedade

o Vilfredo Pareto (1848-1923): sociólogo italiano. Obras: Tratado geral de Sociologia (1915). Sociedade entendida como um sistema em equilíbrio. Noberto Bobbio em sua obra “Ensaios sobre ciência política na itália” procura recuperar a obra de Pareto que durante muitos anos ficou esquecida.


o Pitirim Sorokin (1889-1968): russo naturalizado americano. Dentro da sociologia trabalha com a questão da cultura e ds relações sociais. Cria o conceito de interação sócio-cultural. Obras: Mobilidade social (1927), Teorias sociológicas contemporâneas (1928), Sociedade cultura e personalidade (1947)

o Talcott Parsons (1902- 1979): norte americano. Desenvolve a teoria funcionalista. Estuda a ação social, o funcionamento das estruturas sociais. Sistema social deve ter pelo menos quatro funções: estabilidade normativa, interação, consecução (definição e obtenção de objetivos), adaptação. Obras: Estrutura da ação social (1937), Ensaios de teoria sociológica pura e aplicada (1949), Sistema social (1951)


o Robert Merton (1910- 2003): norte-americano e funcionalista. Obras: Teoria social e estrutura social (1957)




Bibliografia:
FERREIRA, Delson. Manual de sociologia: dos clássicos à sociedade de informação. 2 ed. São Paulo: Altas, 2003.
GIDDENS, A. Política, sociologia e Teoria Social. São Paulo: Unesp, 1998.
LAKATOS & MARCONI. Sociologia Geral. 7ed. São Paulo: Atlas, 1999.
SAINT-SIMON. Discurso preliminar sobre o espírito positivo.

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