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sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Sociologia Geral e do Direito - Aula 5- Marx II

KARL MARX II

Marx apresenta alguns termos para explicar como funciona a sociedade capitalista, entre estes termos estão: salário, preço, lucro, valor, mais valia. 


I) Valor
• Parte da mercadoria, que pode ser um produto ou mesmo o trabalho 
• Há o valor de uso e o valor de troca
• Valor de uso: é o que da mercadoria satisfaz as necessidades humanas, tem valor útil. A mercadoria serve como meio de subsistência ou para a produção
• Valor de troca: cálculo do valor de troca é feito segundo o tempo de trabalho gasto na sua produção em uma sociedade e em um período dado. Medido pela quantidade de trabalho que uma coisa contém. Mercadorias diferentes têm diferentes valores, porém pode ser trocáveis entre si, porque se estabelece um valor de troca 
• Valor de troca é o preço
• Força de trabalho é a única que pode produzir riqueza com seu valor de troca
• O valor é necessário para a troca de mercadorias, inclusive pelo dinheiro, porque devido à divisão do trabalho, todos não podem fazer todas as coisas que precisam para viver. 
• Valor da mercadoria incorpora o tempo de trabalho socialmente gasto para a produção
• Valorização da mercadoria se dá no âmbito da produção



II) Salário
• Valor da força de trabalho considerada como mercadoria
• A força de trabalho do trabalhador é vendida no mercado, e lhe é atribuída um valor. Para isso o trabalhador precisa ser livre e negociar a venda com o empregador, que é representante do capital e detém os meios de produção. 
• O trabalhador tem de ser livre e considerados iguais perante a lei e perante ao mercado de trabalho
• Trabalhador vende sua força de trabalho e essa se torna mercadoria, podendo ser comercializada (compra e venda)
• Os empregadores que detém os meios de produção compram a mão de obra dos trabalhadores, que em troca recebem um salário (uma quantia em dinheiro ou em bens)
• O salário deveria garantir a reprodução das condições de subsistência dos trabalhadores (propiciando condições do trabalhador vestir, morar, alimentar-se, etc).
• “O salário é o preço da força de trabalho e, em função das variações do mercado, pode estar temporariamente acima ou abaixo do valor da força de trabalho”. 
• Salário é o valor necessário para valor dos meios de subsistência requeridos para produzir, desenvolver, manter e perpetuar a força de trabalho


III) Mais Valia
• É chamado por Marx de “mais valor”
• Esse mais valor vai para o capitalista, porém é produzido com a força de trabalho do trabalhador
• A força de trabalho do trabalhador é remunerada em salário. O trabalhador irá produzir no tempo de trabalho uma quantidade de produtos e serviços, que serão vendidos pelo capitalista e este irá auferir lucros. A mais valia não se confunde com o lucro. Assim existe o lucro e também a mais valia. 
• O trabalhador trabalha x horas por um salário y. Quando aumenta a produção o trabalhador ainda continua trabalhando o mesmo número de horas, com o mesmo salário. Logo o capitalista terá sua produção aumentada e com sua venda, poderá auferir lucros. A mais valia é exatamente a diferença que não é paga ao trabalhador com o aumento da produção, levando-o a trabalhar mais, mesmo que em um mesmo período de tempo e a receber proporcionalmente um salário menor. 
• Em outras palavras: gerado pelo tempo de trabalho excedente. O trabalhador tem um tempo de trabalho necessário que é aquele em que o trabalhador reproduz o trabalhador e gera o necessário para o seu salário. O tempo excedente que o trabalhador passa trabalhando não gera valor para o trabalhador, mas para o capital. Esse valor que é gerado não é pago e apropriado pela burguesia.
• “O conceito de mais valia também é crucial: ele compreende o saldo entre o valor criado por certa quantidade de trabalho e o valor efetivamente pago ao trabalhador pelo trabalho realizado” . 
• “A taxa de mais-valia, que é a razão entre trabalho excedente e trabalho necessário, é a expressão do grau de exploração da força de trabalho pelo capital. ”


IV) Lucro
• É o que o capitalista recebe ao vender as mercadorias por um preço maior do que elas valem ao ser produzidas
• É diferente da mais valia, porque não vem da exploração da mão de obra
• Em outras sociedades que não a capitalista, também existia o lucro
• “A taxa de lucro é a relação entre a mais-valia e o capital individual total (soma do capital variável com o capital constante)” .
• taxa de lucro indica o grau de valorização do capital. 
• “Os capitalistas e os economistas, seus intelectuais orgânicos, só se interessam pela taxa de lucro, que dá origem à ilusão ideológica de que o sobreproduto é criado pelo capital em conjunto e não somente por sua parte variável. Ilusão que reforça o fetichismo do capital” .


V) Marx e o Direito 
• Marx escreve um livro chamado “Crítica da filosofia hegeliana do direito público” – 1842-1843, comentando o livro de Hegel sobre Filosofia do Direito
• Escreve também um texto sobre a lei contra o furto de lenha em 1842. Nobres alegavam que a colheita de lenha nos bosques era considerada furto e violação do direito de propriedade. Isso ia contra o costume de se pegar lenha nos bosques
• Diferente de Hegel, Marx não vê o Estado como conciliação de todas as contradições. Para Marx as contradições são inerentes da sociedade capitalista. Um exemplo dessas contradições é a luta de classes, que é uma luta também por ideologias diferentes, consciência de classe
• Questão da propriedade – discutida no texto de Marx e Engels – A origem da família, da propriedade e do Estado, 1884
• Estado- produto da sociedade dividida e da luta de classes
• Com fim do capitalismo há também o fim do Estado – comunismo. Como o Estado o Direito tende a desaparecer, porque ele só tem sentido em uma sociedade em que há luta de classes



VI) Influências de Marx
• Pasukanis - Teoria Geral do Direito e o Marxismo 
• O que define o direito é sua relação com o modo de produção capitalista. 
• Critica os normativistas uma vez que seu modelo explicativo só funciona tomando-se como base o sistema jurídico capitalista e mesmo assim não consegue explicar a oposição entre o mundo das leis e o real.
• “para a ordem jurídica o ‘fim em si’ nada mais é do que a circulação de mercadorias” .
• direito é visto como uma forma jurídica, que independe do conteúdo, porém é diretamente dependente da ideologia adotada
• forma jurídica será uma forma histórica
• As sanções têm para Pasukanis um caráter político. 
• sanção é essencial ao Direito, pois é através dela que o Estado exerce o poder, que tem em sua base a força física
• sanção não é vingança, é forma de troca mercantil
• É somente na sociedade capitalista que o trabalho pode ser transformado em tempo e dinheiro, que a liberdade passa a ser importante para a definição de sanção
• A troca que acontece entre aquele que cometeu o delito, estabelecida entre o dano causado (seja a um particular ou ao Estado) e o tempo privado de liberdade, ressalta o caráter histórico da sanção, que só tem sentindo no sistema capitalista moderno
• Quem ajuda compreender Pachukanis: NAVES, Márcio Bilharinho. Marxismo e Direito: um estudo sobre Pachukanis. São Paulo, Boitempo, 2000.


• Punição e Estrutura social. Gerorg Rusche e Otto Kirchheimer. Ed. Revan, 2ed, RJ, 2004
• Ligados a uma concepção de direito da escola Frankfurtiana
• 1939 destacam o caráter político da sanção, em especial da pena de liberdade, a partir de uma crítica marxista
• pena e sua quantificação que tem relação com o crime cometido, não fazem com que ocorra uma diminuição daquele crime
• o caráter “educativo” da pena não existe, e a esta resta o caráter de vingança social, que não trazem para a sociedade nenhum ganho. 
• pena é entendida como um instrumento que tem história e se desenvolve com o capitalismo
• cada tipo de mercado de trabalho há uma pena específica
• pena possuiu diversas faces que foram mudando ao longo da história: morte, trabalhos forçados, deportação e a restrição da liberdade pela prisão
• pena é abordada como uma postura política adotada pela sociedade capitalista. A proposta dos autores é que a sanção não está ligada ao Direito mais sim à política, e em especial à economia
• Em épocas em que há um grande número de trabalhadores para um mercado de trabalho restrito, há pouco cuidado com os presos e este são deixados a sua sorte. Em épocas em que se requer muita mão de obra, os presos são utilizados como mão de obra, pois não ameaçam tirar os empregos das pessoas livres. Com isso, se cria uma reserva de mão de obra, que fica alocada fora da sociedade e que é utilizada quando necessária. 
• crime está ligado ao desenvolvimento econômico
• emancipação possível é o abrandamento das penas. Já que a sanção que visa a restrição da liberdade é inútil e política, adotar uma sanção mais branda, como a pena de multa
SALÁRIO, PREÇO, LUCRO - MARX
Capítulo 5 – Salários e preços

Reduzidos à sua expressão teórica mais simples, todos os argumentos de nosso amigo se traduzem num só
e único dogma: "os preços das mercadorias são determinados ou regulados pelos salários".
Ante esta heresia antiquada e desacreditada, eu poderia invocar a observação prática. Poderia dizer-vos
que os operários fabris, os mineiros, os construtores navais e outros trabalhadores inglêses, cujo trabalho é
relativamente bem pago, vencem a todas as demais nações pela barateza de seus produtos, enquanto, por
exemplo, o trabalhador agrícola inglês, cujo trabalho é relativamente mal pago, é batido por quase todos
os demais países, em conseqüência da carestia de seus produtos. Comparando uns artigos com outros,
dentro do mesmo país, e as mercadorias de distintos países entre si, poderia demonstrar que, se
abstrairmos algumas exceções mais aparentes que reais, em termo médio o trabalho que recebe alta
remuneração produz mercadorias baratas e o trabalho que recebe baixa remuneração, mercadorias caras.
Isto, naturalmente, não demonstraria que o elevado preço do trabalho em certos casos e, em outros, o seu
preço baixo, sejam as respectivas causas destes efeitos diametralmente opostos mas em todo caso serviria
para provar que os preços das mercadorias não são governados pelos preços do trabalho. Todavia,
prescindiremos perfeitamente deste método empírico.
Poder-se-ia, talvez, negar que o cidadão Weston sustente o dogma de que "os preços das mercadorias se
determinam ou regulam pelos salários". De fato, ele jamais formulou este dogma. Disse, ao contrário, que
o lucro e a renda do solo são também partes integrantes dos preços das mercadorias, posto que destes têm
de sair não só os salários dos operários como os lucros do capitalista e as rendas do proprietário da terra.
Porém, a seu modo de ver, como se formam os preços? Formam-se, em primeiro lugar, pelos salários; em
seguida, soma-se ao preço um tanto por cento adicional em benefício do capitalista e outro tanto por cento
adicional em benefício do proprietário da terra. Suponhamos que os salários do trabalho invertido na
produção de uma mercadoria ascendem a 10. Se a taxa de lucro fosse de 100 por cento, o capitalista
acrescentaria 10 aos salários desembolsados, e se a taxa de renda fosse também de 100 por cento sobre os
salários, ter-se-ia que ajuntar mais 10, com o que o preço total da mercadoria viria a cifrar-se em 30.
Semelhante determinação do preço, porém, estaria presidida simplesmente pelos salários. Se estes, no
nosso exemplo, subissem a 20, o preço da mercadoria elevar-se-ia a 60 e assim sucessivamente. Eis
porque todos os escritores antiquados de economia política que alvitravam a tese de que os salários
regulam os preços, intentavam prová-la apresentando o lucro e a renda do solo como simples
percentagens adicionais sobre os salários. Nenhum deles era, naturalmente, capaz de reduzir os limites
dessas percentagens a uma lei econômica. Pareciam, ao contrário, acreditar que os lucros se fixavam pela
tradição, costume, vontade do capitalista, ou por qualquer outro método igualmente arbitrário e
inexplicável. Quando afirmavam que os lucros se determinam pela concorrência entre os capitalistas,
portanto, não explicavam absolutamente nada. Esta concorrência por certo nivela as diferentes taxas de
lucros das diversas indústrias, ou seja, as reduz a um nível médio, porém jamais pode determinar este
nível, ou a taxa geral de lucro.
Que queremos dizer quando afirmamos que os preços das mercadorias são determinados pelos salários?
Como o salário não é mais do que uma denominação do preço do trabalho, queremos dizer com isso que
os preços das mercadorias regulam-se pelo preço do trabalho. E como "preço" é valor de troca – e quando
falo de valor refiro-me sempre ao valor de troca - a saber: valor de troca expresso em dinheiro, aquela
afirmativa equivale a esta outra: "o valor das rnercadorias é determinado pelo valor do trabalho", ou, o
que vem a dar no mesmo, "o valor do trabalho é a medida geral do valor".
Mas, por sua vez, como se determina o "valor do trabalho"? Aqui, chegamos a um ponto morto. A um
ponto morto, sem dúvida, se tentamos raciocinar logicamente. Porém, os proponentes desta teoria não têm
lá grandes escrúpulos em matéria de lógica. Tomemos o nosso amigo Weston, como exemplo. Primeiro,
dizia-nos que os salários regulavam os preços das mercadorias e que, portanto, quando os salários subiam,
estes deviam subir também. Depois, dava meia volta para nos demonstrar que um aumento de salários não
serviria para nada, visto que também subiriam os preços das mercadorias, e os salários se mediam, na
realidade, pelos preços das mercadorias com eles compradas. Assim, partindo da afirmativa deque o valor
do trabalho determina o valor da mercadoria, viemos parar na afirmativa de que o valor da mercadoria
determina o valor do trabalho. Nada mais fazemos do que nos mover num círculo vicioso, sem chegar a
nenhuma conclusão.
No geral, é evidente que, tomando a valor de uma mercadoria, por exemplo, o trabalho, o trigo ou outra
mercadoria qualquer, como medida e regulador geral do valor, apenas desviamos a dificuldade, já que
determinamos um valor por outro, que, por sua vez, também necessita ser determinado.
Expresso em sua forma mais abstrata, o dogma de que "os salários determinam os preços das
mercadorias" equivale a dizer que "o valor se determina pelo valor", e esta tautologia só demonstra, na
realidade, que nada sabemos a respeito do valor. Se admitíssemos semelhante premissa, toda a
argumentação acerca das leis gerais da economia política converter-se-ia em mera tagarelice. Por isso
deve-se reconhecer a Ricardo o grande mérito de haver destruido até aos fundamentos, com a sua obra
sobre os Princípios da Economia Política, publicada em 1817, o velho erro, tão divulgado e gasto, de que
"os salários determinam os preços", falácia iá rechaçada por Adam Smith e seus predecessores franceses
na parte verdadeiramente científica de suas investigações, mas que, não obstante, eles reproduziram nos
seus capítulos mais esotéricos e de vulgarização.

Sociologia Geral e do Direito- Aula 6 e 7- Weber

MAX WEBER 



I) Weber – Vida e obras

1864 - Nasce Max Weber em Erfurt, Alemanha 
1870 - O valor da produção alemã supera o da França. A França declara guerra à prússia. O proletariado parisiense estabelece a Comuna de Paris 
1871 - Unificação da Alemanha, vitória de Bismarck sobre a França, Marx publica A guerra civil na França. Cai o Segundo Império francês. Derrota da Comuna de Paris 
1872 - Funda-se na Alemanha a Associação para uma Política Social (Verein für Sozialpolitik) da qual Weber virá a participar 
1877 - Weber escreve o ensaio do curso da história alemã, com especial referência às posições do Kaiser e do Papa 
1882 - Weber estuda Direito, Economia, Administração, Filosofia e Teologia nas Universidades de Heidelberg e de Berlim 
1889 - Weber apresenta sua tese de doutorado baseada na história das empresas comerciais na Idade Média 
1890-1892 - Weber realiza uma pesquisa sobre a situação dos camponeses na Prússia Oriental, publicada em 1894: As tendências na evolução da situação dos trabalhadores rurais na Alemanha Oriental 
1891 - Weber publica História das instituições agrárias 1893 - Durkheim publica A divisão do trabalho social 
1894 - A tese A história agrária romana e seu significado para o Direito público e privado garante a Weber sua aprovação para lecionar Economia política na Universidade de Freiburg 
1895 - Weber escreve As causas sociais da decadência da civilização antiga. 
Durkheim publica As regras do método sociológico 
1896 - Weber leciona na Universidade de Heidelberg 
1903 - Weber funda com Werner Sombart a revista Archiv jür Sozialwissenschajt und Sozialpolitik 
1904 - Weber viaja aos Estados Unidos e publica a primeira parte de A ética protestante e o espírito do capitalismo e o ensaio A objetividade do conhecimento nas Ciências Sociais 
1905 - Weber interessa-se pela sociedade russa e publica dois trabalhos a respeito, além da segunda parte de A ética protestante e o espírito do capitalismo 
1906 - Weber viaja aos Estados Unidos, escreve As seitas protestantes e o espírito do capitalismo. 
1908 - Weber escreve dois artigos sobre psico-sociologia industrial e As seitas protestantes. Ajuda a organizar a Associação Alemã de Sociologia 
1909 - Weber publica As relações de produção na agricultura do mundo antigo 
1910-1914 - Weber redige Economia e sociedade 
1913 - Weber redige o Ensaio acerca de algumas categorias da Sociologia compreensiva 
1914 - Weber escreve A ética econômica das religiões universais. Inicia-se a Primeira Guerra Mundial. Weber é administrador de nove hospitais alemães 
1918 - Weber faz duas conferências sobre as distintas vocações que resultam em dois artigos: A política como vocação e A ciência como vocação, publica o Ensaio sobre o sentido da neutralidade axiológica nas ciências sociológicas e econômicas e ministra o curso Uma Crítica Positiva da Concepção Materialista da História 
1919 - Weber ministra um curso na Universidade de Munique, publicado em 1923 como História econômica geral 
1920 - Morre Weber 
1922 - Publica-se Economia e sociedade, de Weber 




II) Ação social
• “A ação é definida por Weber como toda conduta humana (ato, omissão, permissão) dotada de um significado subjetivo dado por quem a executa e que orienta essa ação” . 
• Sociologia como ciência que busca compreender a ação social, explicando o seu desenvolvimento e seus efeitos
• Ação qualquer diferente de ação social
• Ação social – tem um sentido pensado, não é reativa (como tirar a mão no fogo)
• Racionalidade nas ações sociais
• Para compreender ação como método científico o sociólogo utiliza-se dos tipos ideais
• Para Weber há pelo menos quatro tipos puros, ou ideais, de ação: 
o ação racional com relação a fins. Ex: procedimento científico, ação econômica 
o ação racional com relação a valores. Ex: 
o ação tradicional. Ex: 
o ação afetiva. Ex: orientada pelo ciúme, raiva, desejo, inveja, admiração, gosto estético, gosto alimentar
• As primeiras são as mais racionais e as últimas as menos racionais
• Somente a ação com sentido pode ser compreendida pela sociologia. Não são consideradas ações sociais as meras reações instintivas, as ações homogêneas (de todo um grupo quando algo em comum lhes acontece) e as ações provenientes de imitações
• para entender o mundo como um conjunto de ações, Weber tem de entender que há relações diversas na sociedade, ou seja, relações sociais
• em uma relação social o que conta não é somente a ação de um indivíduo isolado, mas como os indivíduos orientam sua conduta a partir das condutas dos outros
• mesmo em uma relação social de duas pessoas, por exemplo, cada uma pode estar orientada por um tipo ideal de ação. Ex: mulher orientada pela ação com vistas a fim, aceita namorar um homem que não gosta, pois ele é rico. Este homem quer namorar a mesma mulher, orientado pela paixão. 
• O social se constrói a partir de ações individuais
• A consciência individual dá sentido as ações sociais na esfera do indivíduo. Porém, isso pode ser levado para o coletivo. Dá sentido a esfera do coletivo: classes, estamentos e grupos, partidos




III) Tipo ideal 
• Weber utiliza-se do conceito de tipos, para poder compreender a realidade complexa. 
• Um tipo é uma moldura pela qual se pode entender a realidade, a partir de reduções de complexidades
• “Na medida em que não é possível a explicação de uma realidade social particular, única e infinita, por meio de uma análise exaustiva das relações causais que a constituem, escolhem-se algumas destas por meio da avaliação das influências ou efeitos que delas se pode esperar. O cientista atribui a esses fragmentos selecionados da realidade um sentido, destaca certos aspectos cujo exame lhe parece importante - segundo seu princípio de seleção - baseando-se, portanto, em seus próprios valores. Mas, enquanto “o objeto de estudo e a profundidade do estudo na infinidade das conexões causais são determinados somente pelas idéias de valor que dominam o investigador e sua época”, o método e os conceitos de que ele lança mão ligam-se às normas de validez científica referidos a uma teoria. A elaboração de um instrumento que oriente o cientista social em sua busca de conexões causais é muito valiosa do ponto de vista heurístico. Esse modelo de interpretação-investigação é o tipo ideal, e é dele que se vale o cientista para guiar-se na infinitude do real” . 
• Tipos ideais são conceituais e abstratos. Não pode ser algo que individualize, mas que apresente algo de universal de um número maior de coisas ou pessoas e suas características
• Exemplo de tipos ideais: o avarento
• O horóscopo que analisa a personalidade das pessoas nascidas sobre cada signo do zodíaco, pode ser interpretado como uma forma de redução de complexidade de todas as personalidades díspares e complexas existentes no mundo, em apenas 12 tipos ideais. São ideais, pois nem sempre há encaixe. 


IV) Tipos de dominação 
• Dominação é um dos elementos que ajuda a transformar a ações sociais individuais no social, a permanência das relações sociais e a existência da sociedade
• Dominação garante a coesão social, a 
• Há uma distinção entre poder (que é um conceito amorfo) para dominação
• “Dominação é um estado de coisas pelo qual uma vontade manifesta (mandato) do dominador ou dos dominadores influi sobre os atos de outros (do dominado ou dos dominados), de tal modo que, em um grau socialmente relevante, estes atos têm lugar como se os dominados tivessem adotado por si mesmos e como máxima de sua ação o conteúdo do mandato (obediência)”. (Weber – Economia e sociedade)
• Há dominações legítimas e ilegítimas. As dominações legítimas são aquelas que tem conteúdo considerado válido pelos participantes das relações sociais
• Dominação legítima- 3 motivos de submissão: racional, tradicional, afetivo
• Dominação legítima pode ser de três tipos: legal, tradicional, carismática
• Cada uma corresponde a um tipo de autoridade
• Dominação legal: autoridade é o príncipe o patriarca antigo
• Dominação tradicional: autoridade é o servidor do Estado e seus funcionários que exercem de certa forma parte de seu poder
• Dominação carismática: autoridade é o profeta, o senhor de guerra eleito, o governante eleito, o demagogo, o líder do partido político
• Homens lutam para poder dominar, não só por razões econômicas, mas também pela honra e prestígio 


V) Teoria da burocracia
• Estado- Weber entende a instituição, como uma ‘personalidade coletiva’
• A burocracia é uma estrutura de dominação legal
• Burocracia- estrutura de administração racionalizada ocidental
• Pode estar na esfera econômica, política, religiosa, profissional
• Legitimidade da esfera burocrática é constituída através: 
o Crença na legalidade das normas constituídas
o No direito de mando dos que exercem autoridade 
• A mudança de uma sociedade com um tipo de dominação carismática para um tipo de dominação legal, gera o que Weber chama de ‘desencantamento do mundo’. Nesse processo o que era justificado pelo mágico, transcendente e desconhecido, passa a ser representado pelo racional, pelo material, por aquilo que pode ser conhecido pela técnica e pela ciência
• Burocracia é a forma de dominação que mais reduz a importância de influências como a riqueza, amigos, parentes, costumes; pois tudo é regrado pelas leis
• Burocracia consegue: eliminação da irracionalidade dos afetos e da tradição
• Centralização burocrática, permite que todos que trabalham nela possam ser considerados de certa forma iguais, gerando dessa maneira uma sociedade mais democrática
• As ordens dos funcionários passam a ser previsíveis, uma vez que estas também estão regradas de acordo com a lei. As decisões dos funcionários também são previstas na lei. 
• Burocracia implementa uma divisão racional do trabalho na esfera administrativa
• “A burocracia enquanto tipo ideal pode organizar a dominação racional-legal por meio de uma incomparável superioridade técnica que garanta precisão, velocidade, clareza, unidade, especialização de funções, redução do atrito, dos custos de material e pessoal etc.” .
• Burocracia é hierárquica e eleita por concurso público (não é por eleição, que seria outra forma)
• Concurso público é uma forma de escolher pessoas próprias para o perfil da burocracia. O funcionário público é um dos que mais separam a vida particular da vida profissional, muitos tendem a dissociá-las. 
• Funcionário público deve seguir uma série de regras, que estão expostas nas leis. Deve trabalhar em cooperação com outros colegas, exigência de competência e perícia, tarefas repetitivas e habituais, não utilização de bens do Estado para proveito próprio e recebem salário. 
• Nas empresas modernas, a burocratização foi utilizada para: maior controle dos custos, formas racionais de organização do trabalho e mecanização. Disciplina das fábricas semelhante a disciplina militar, que era burocratizada. 



VI) Ética protestante e espírito capitalista
• Influência de Karl Marx. Ambos abordaram a questão do capitalismo ocidental
• Weber procura verificar se alguns conceitos que Marx propôs realmente se verificavam na prática, esse é o caso do materialismo histórico. Weber justifica a fonte histórica para o desenvolvimento de uma consciência burguesa
• Weber vai fazer uma sociologia da religião, ao mesmo tempo em que estuda o capitalismo
• Livro: ética protestante e espírito capitalista foi escrito entre 1904-1905
• Conjunto de valores religiosos pode levar a racionalização da conduta dos fiéis 
• “Igreja é definida por Weber como uma associação de dominação que se utiliza de bens de salvação por meio da coação hierocrática exercida através de um quadro administrativo que pretende ter o monopólio legítimo dessa coação. Portanto, ela submete seus membros de modo racional e contínuo” .
• “De acordo com suas características, cada ética religiosa penetra diferentemente na ordem social (por exemplo, nas relações familiares, com o vizinho, os pobres e os mais débeis), na punição do infrator, na ordem jurídica e na econômica (como no caso da usura), no mundo da ação política, na esfera sexual (inclusive a atitude a respeito da mulher) e na da arte. Ao produzirem um desencantamento do mundo e bloquearem a possibilidade de salvação por meio da fuga contemplativa, as seitas protestantes ocidentais - que trilharam a via do ascetismo secular e romperam a dupla ética que distinguia monges e laicos - fomentaram uma racionalização metódica da conduta... que teve intensos reflexos na esfera econômica!” .
• Trabalho passa a ser um valor em si mesmo. 
• Na ética protestante não se trabalha para ter dinheiro, mas sim porque essa é a missão do homem. Divertimento e lazer são considerados como coisas que levam ao homem a ficar longe de Deus. Trabalho dignifica o homem. Puritanismo condena ócio, luxo, preguiça. Salvação não está mais em receber a graça divina. A salvação se dá por obras do homem e essas ocorrem pelo trabalho. Cria empregados dedicados ao trabalho.
• ‘Prosperidade era o prêmio de uma vida santa’
• Empresários podiam saber se iam ser salvos ou não, devido ao ganho que obtinham. Empresários prósperos e bem sucedidos, que trabalhavam muito, sabiam que estavam se dedicando ao trabalho e não aos prazeres carnais. Logo o trabalho e o sucesso são a medida da salvação
• Diferente da ética católica, que não via no lucro um indicativo de salvação e pregava a contemplação em vez do trabalho. 
• Esses empresários e trabalhadores protestantes começam a ganhar dinheiro e a não gastar, pois tudo era voltado para o trabalho
• Esse espírito do capitalismo, também é considerado por Weber como um tipo ideal



VII) Weber e o Direito :
• Weber é formado em Direito
• Sociologia do Direito – cap. VII do seu livro “Economia e Sociedade”
• Discute a racionalização do direito
• 4 tipos ideais de direito: 
o Direito material e irracional- fundado no arbítrio do legislador e no sentimento pessoal do juiz, sem se referir as normas gerais
o Direito material racional – legislador e juiz se referem a um livro sagrado (ex. Alcorão) ou se utilizam de imperativos éticos
o Direito formal e irracional – legislador e juiz formalizam suas decisões em normas, mas fogem da razão, pois se fundam em revelações, oráculos
o Direito formal e racional – legislador e juiz se baseiam em normas estatuídas e codificadas e formalizam decisões com base em conceitos abstratos


VIII) Bibliografia: 

BOBBIO, Norberto. Max Weber e Kelsen. In: Antologia: Norberto Bobbio.

GIDDENS, A. Política, sociologia e teoria Social. São Paulo: UNESP, 1998.

MORRISON, Wayne. Filosofia do Direito: dos gregos ao pós modernismo. São Paulo: Martins Fontes, 2006, p.325-433.

QUINTANEIRO, Tânia (et. al.). Um toque de clássicos: Durkheim, Marx, Weber. 2ed. Belo Horizonte: UFMG, 2003. 

TREVES, Renato. Sociologia do Direito. 3 ed. São Paulo: Manole, 2004.


OBRAS DE WEBER: 

WEBER, Max. Economia e Sociedade. Vol.1 e 2. 3 ed. Brasília: Ed UNB, 2000.
_____. Metodologia das ciências sociais. Parte I e II. 4ed. São Paulo: Cortez/Unicamp, 2001. 
_____. Ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Martin Claret, 2004.
_____. Ciência e política: duas vocações. São Paulo: Cultrix, 1972.
_____. Sociologia. (organizador dos textos Gabriel Gohn). 7 ed. São Paulo: Ática, 2005.